Blog

Dicas, orientações e informações úteis para pacientes, pais e profissionais da saúde

Categorias

Bullying e Autismo: Por que precisamos falar sobre isso?

O bullying é uma realidade preocupante nas escolas e ambientes sociais, e seus impactos são ainda mais intensos quando falamos sobre crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Neste artigo, vamos entender como o bullying afeta esse público, quais são as formas mais comuns de manifestação e o que podemos fazer, como sociedade, para promover ambientes mais seguros e acolhedores.

O que é bullying?

O termo “bullying” tem origem no inglês e está relacionado à ideia de intimidação ou agressão repetitiva. Para ser caracterizado como bullying, é necessário que estejam presentes três fatores principais:

  • Comportamentos agressivos intencionais;
  • Ações repetitivas ao longo do tempo;
  • Desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.

As formas mais comuns de bullying incluem:

  • Bullying físico: agressões como socos, empurrões e danos a pertences.
  • Bullying verbal: insultos, apelidos pejorativos e humilhações.
  • Bullying social: exclusões, fofocas e recusa de interação.
  • Cyberbullying: agressões realizadas por meio de tecnologias digitais.

A vulnerabilidade de pessoas com TEA

Crianças e adolescentes com autismo apresentam padrões de comportamento e comunicação que podem ser diferentes do esperado socialmente. Essas características, somadas a dificuldades em habilidades sociais, tornam essas crianças mais suscetíveis à vitimização.

Estudos apontam que crianças com TEA sofrem bullying com mais frequência que colegas com outras deficiências. Em muitos casos, essas crianças têm dificuldade em relatar o que vivem, seja por vergonha, medo ou por não entenderem que estão sendo vítimas.

Em um estudo realizado por Falcão, Stelko e Alves (2021), apenas 52,4% dos pais perceberam o envolvimento dos filhos com o bullying. Destes, 76% foram vítimas e 21% foram identificados como vítima-agressores. Um dado alarmante que reforça a importância de atenção e escuta ativa por parte de pais, professores e profissionais da saúde.

Consequências do bullying no TEA

As consequências do bullying são profundas e podem afetar o desenvolvimento emocional e social da criança. Entre os efeitos mais comuns, estão:

  • Sintomas psicossomáticos (dores físicas sem causa médica clara);
  • Insônia e alterações no sono;
  • Queda da autoestima e retraimento social;
  • Ansiedade, depressão e, em casos graves, pensamentos suicidas ou comportamentos agressivos.

O que pode ser feito?

A prevenção e o enfrentamento ao bullying exigem o envolvimento de toda a comunidade escolar e familiar. Algumas estratégias importantes incluem:

  • Campanhas de conscientização nas escolas, com foco na inclusão e no respeito às diferenças;
  • Formação continuada para educadores, para que saibam identificar sinais de bullying e atuar com responsabilidade;
  • Acompanhamento psicológico e psiquiátrico nos casos mais complexos.

A psicoterapia é uma aliada fundamental nesse processo. Com planos de intervenção personalizados, é possível desenvolver habilidades como comunicação assertiva, regulação emocional e empatia. O fortalecimento da autoestima e do senso de pertencimento também são prioridades nesse processo terapêutico, promovendo proteção e qualidade de vida.

 

Combater o bullying é uma responsabilidade coletiva. Especialmente no contexto do autismo, é essencial que todos – pais, professores, profissionais da saúde e colegas – estejam atentos aos sinais, escutem com empatia e ajam de forma proativa. No Instituto Sinergia, acreditamos na força do cuidado interdisciplinar para proteger, incluir e promover o desenvolvimento integral de cada indivíduo.

 

Autor: Me. Rafael Teixeira Bravim